Ozempic: útil ou não?

O Ozempic (ou Semaglutida) é um fármaco que age como um análogo do GLP-1 (age de forma semelhante ao GLP-1), ou seja, ele está dentro de uma das classes de medicamentos mais promissoras para tratamento de algumas condições crônicas de saúde (diabetes mellitus do tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão etc.).
Antes de tudo, é importante entendermos o que é o GLP-1: é um peptídeo (união de vários aminoácidos) que age no sistema nervoso aumentando a sinalização de saciedade e reduzindo o apetite, e esse seria justamente o principal mecanismo responsável pela perda de peso provocada pelo uso do Ozempic.
Além disso, no músculo, ele aumenta a taxa de oxidação de glicose e a síntese de glicogênio (glicogênese), o que também é muito importante para a otimização do metabolismo do indivíduo. Fora isso, esse peptídeo, no pâncreas, age aumentando a secreção de insulina (hormônio que também age aumentando a saciedade) e reduzindo a secreção de glucagon. E há também alguns desfechos cardiovasculares bem conhecidos dos GLP1RAs (análogos do GLP-1), como a redução da pressão arterial, o aumento na frequência cardíaca, o aumento na força de contração do miocárdio, a melhora na função diastólica, efeito cardioprotetor, entre outros!
A Semaglutida é um fármaco de ação longa, utilizado uma vez por semana (via aplicação subcutânea com caneta), em doses de 0,5 a 1mg (mas, normalmente, inicia-se o uso com 0,25mg e vai aumentando a cada 4 semanas até chegar em 2,4mg). Ela tem uma meia vida de até 165h e um metabolismo mediado por peptidases (que farão a degradação ainda na circulação sistêmica, mas também há excreção renal). Uma outra vantagem desse medicamento é que ele possui um menor risco de desenvolvimento de resistência à terapêutica, ou seja, são poucos os pacientes que desenvolvem anticorpos com o uso da Semaglutida.
Entretanto, ainda que o Ozempic seja provavelmente o medicamento mais eficaz para redução de peso (proporcionando uma perda de peso de até 15%, mais ou menos), ele pode provocar efeitos colaterais gastrointestinais (muito comum), como náusea, vômito e constipação.
Por fim, vale ressaltar que a dieta, o exercício físico e as mudanças comportamentais são os pilares do controle do peso. Todavia, em alguns casos, a medicação - prescrita por um médico de forma individualizada para cada um - será indispensável, já que a perda de peso obtida apenas por modificações no estilo de vida é limitada e difícil de manter (por conta das alterações no gasto calórico e no apetite). A farmacoterapia para obesidade (uso de medicação no processo de perda de peso) pode ser considerada caso o paciente tenha um índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m² ou mais, ou então um IMC de 27 kg/m² ou mais com comorbidades associadas (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica).
REFERÊNCIAS:
“Effects of once-weekly semaglutide on appetite, energy intake, control of eating, food preference and body weight in subjects with obesity” DOI: 10.1111/dom.12932